A grande bobagem sobre IA

Henrique Medeiros • 23 de abril de 2024

"Quem tem ouvidos para ouvir, ouça"

Resolvi escrever mais uma vez sobre IA, e sobre os efeitos que ela pode nos causar, porque vira e volta tenho me deparado com os mesmos comentários, de sempre, na web: que a IA é algo sem precedentes na história da humanidade, que ela vai mudar, radicalmente, nossa relação com o trabalho e mais um monte de blá, blá, blá. E quem achou que eu iria discordar, errou, pois, sim, a IA tem lá suas diferenças em relação a outras tecnologias, ela pode ser inclusive o que ela pensa que é, mas, nem por isso deixarei de colocar aqui meu contraponto. Deixarei de escrever o que enxergo não somente sobre IA, mas também sobre as novas tecnologias que surgem todos os dias. “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. 


Estimados humanos! Sendo formado em tecnologia da informação, não faria o menor sentido eu não reconhecer os inúmeros benefícios que a tecnologia vem nos propiciando, em especial, a partir da revolução industrial. Mas, pensem comigo! Embora estejamos vivenciando um momento, aparentemente, ímpar, de avanços tecnológicos, proporcionalmente, nós também já passamos por outros  momentos que mudaram nossos hábitos e nos trouxeram apreensão. Ou porque não dizer outros momentos disruptivos. Senão vejamos! Foi assim, como já citei, durante o período da revolução industrial (quando acreditamos que as máquinas iriam substituir a mão de obra humana), foi assim quando os computadores se tornaram acessíveis a todos (e achamos que íamos ser substituídos por eles). Não foi diferente quando os celulares surgiram, quando a indústria 4.0 chegou (e máquinas se interligaram com sistemas, internet) ou quando as redes sociais explodiram. Enfim, caros seres humanos, em cada um desses momentos, desde que o mundo é mundo, nós sempre fomos e sempre seremos impulsionados a repensar nossa relação com as novas tecnologias. 


Bom! Então por que seria diferente dessa vez com a inteligência artificial? E lhes respondo: como diria o sagaz Mister Magoo, “Oh, sim, sim, eu lhes digo”. Não, não é! A era da IA não é, nadica de nada, diferente de outras eras que já passamos. E por quê? Por um único motivo: como escrevi no meu livro “Células Sociais Caórdicas – o caminho para um novo mundo”, as mudanças tecnológicas são, e sempre serão, uma constante. Elas sempre nos trarão novas e mais novas possibilidades. Ou alguém acredita que a coisa vai parar por aí? ‘Elementar, meu caro Watson!’ Claro que não! O que nos leva a concluir que ela, tecnologia, não pode ser, de forma alguma, o objeto das nossas discussões, mas sim aquilo que é variável, justamente, nossa decisão, humana, de utilizá-la para o nosso bem e para o bem do planeta. Em outras palavras, aqui, não estamos diante do dilema do ovo e da galinha. A tecnologia será sempre meio para melhoria da vida dos seres humanos e ponto! Nós somos o fim! O resto? É conversa para boi dormir! 


Pois bem! Apesar da obviedade da situação, nós, seres ditos inteligentes, infelizmente, não estamos sabendo colocar as tecnologias, assim como também fazemos com dinheiro, no seu devido lugar: a nosso serviço. Estamos colocando o carro na frente dos bois. Usando a nossa criação contra nós mesmos, quando deveríamos utilizá-la para o nosso próprio bem-estar e do planeta. Aliás, diante das nossas ações, me veio à mente uma singular frase de Einstein: “Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, eu ainda não tenho certeza absoluta”. Sinceramente? Acredito que Einstein ainda pegou leve com nossa espécie. Mas, como esse texto tem um propósito de trazer uma nova perspectiva para os problemas da humanidade, olhemos para o futuro de forma esperançosa! Mostremos para Einstein que sua teoria estava errada. 


Imaginem, então, se ao invés de utilizarmos a IA para substituir empregos, nós a utilizarmos para criar soluções para os nossos mais variados problemas. Imaginaram? E se além disso, ainda a usarmos para formar pessoas para lidar com as novas demandas que o mundo precisa em termos de novos trabalhos. Imaginaram? A lógica é bastante simples! “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. 


Diante dos quase infinitos problemas que temos tais como despoluir rios, limpar oceanos, recuperar biomas devastados, construir moradias decentes para todos, instalar saneamento básico para todos, produzir alimentos para todos, criar energias renováveis, criar indústrias de reciclagem, expandir ferrovias, criar hospitais de qualidade, erguer escolas de qualidade, implantar transporte público de qualidade, integrar centros de pesquisas ou implementar qualquer solução que traga bem-estar às pessoas, ao planeta, de fato, me perdoem a sinceridade, mas, é uma gigantesca estupidez não priorizarmos os seres humanos quando sabemos que a tecnologia, o dinheiro e todos os recursos do planeta, deveriam ser usados a nosso favor. 


Sim caros terráqueos! A verdade é uma só: gostemos ou não, nosso foco, hoje, sempre, não pode ser a tecnologia, mas sim como podemos utilizá-la para curar os nossos males. Vou até mais longe: quando utilizarmos as tecnologias que existem a nosso favor, como meio, também resolveremos em grande parte a questão crucial do desemprego. Isso mesmo! Vocês não leram errado. Repito: quando utilizarmos a tecnologia a nosso favor, resolveremos em grande medida a questão do desemprego, pois não importará o que as pessoas faziam antes de perderem seus empregos. Importará o que elas irão fazer. 


É claro que, desde que possível, muitos desejarão voltar a trabalhar nas suas atividades de origem, mas só de diferentes possibilidades de trabalho, para melhorarmos o mundo, temos os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e suas 169 metas. Está tudo lá, tudo claro para que juntos possamos criar um mundo melhor. Para mudarmos essa situação abominável de sofrimento humano que chegamos. Agora me digam! Se focarmos nossos esforços em tudo que precisamos fazer para salvar o planeta, em tudo que precisamos fazer para que nós, seres humanos, tenhamos qualidade de vida, vai faltar trabalho? Não, não vai! ! “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça”. Hoje não falta trabalho, hoje falta emprego! E isso ocorre, basicamente, porque a sociedade está, absolutamente, desfocada de onde devemos atuar para gerar bem-estar para todos e para o planeta. 


Não acreditam? Pois eu lhes digo, nobres, quase extintos, moradores do planeta! Se não iniciarmos hoje, o quanto antes, a reorganizar essa enorme zona que virou a nossa existência, com todos desnorteados, correndo cada um para um lado, para acumular dinheiro, com pessoas absolut6amente insatisfeitas com os seus atuais empregos, sem terem um propósito maior para chamar de seu (olha! o que eu escuto, um dia sim e outro também, pessoas me falando o quanto não se identificam, em quase nada, com as empresas que trabalham, o quanto elas gostariam de fazer algo com um sentido maior para suas vidas, não está no gibi!). 


Em suma, conterrâneos de planeta! Ou abdicamos dessa grande falácia de endeusar cada tecnologia que surge e focamos em gente, de carne e osso, em especial na formação de líderes que possam conduzir a humanidade para um novo patamar, ou vamos todos de mãos dadas, inclusive com a IA, para a cova (que já está aberta).


Bom! Mas como eu gosto muito, muito mesmo, desse planeta único que a evolução ou Deus criou, que diferença faz quem foi, eu só tenho a dizer que a ganância que vem dilacerando nossos valores, a concentração de renda que faz pessoas morrerem de fome, a soberba que tem escravizado a humanidade, o consumo exorbitante que vem saqueando o nosso planeta, a inveja que vem alimentando a competição voraz, a preguiça que nos faz indiferentes e o ódio que torna pessoas em objetos inanimados, não são problemas tecnológicos. São nossos, humanos! Portanto, é hora de priorizarmos a nossa espécie. É hora de apertarmos o nosso botão de reiniciar. Ou o planeta fará isso por nós...



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Henrique Medeiros é autor do livro “Células Sociais Caórdicas – o caminho para um novo mundo”. É formado em Tecnologia da Informação, Pentágono, MBA em Gestão Empresarial pela FGV, MBA em Diplomacia - Relações Internacionais pela Uninter, Psicanalista pelo IBPC – Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica e um apaixonado pela espécie humana e pelo planeta Terra. Tô nem aí para Marte...



Por Carlos Henrique 17 de abril de 2024
"Um verdadeiro governante, um verdadeiro líder acorda, todos os dias, perguntando-se: estou fazendo tudo o que eu posso para melhorar a vida das pessoas? Minhas ações estão preservando o planeta? Estou tornando a população dependente de esmolas ou agindo para torná-la autosustentável? O que eu preciso aprimorar, em mim, para que possa melhorar a vida do meu semelhante?" - Henrique Medeiros Apresento-lhes agora o que, na minha visão, trouxe-nos até esse modelo falido de organização mundial. E não tenho dúvidas: o principal fator de degradação da humanidade está intimamente relacionado com a maneira com a qual governos, empresas e a sociedade vêm atuando quando, soberbamente, optaram por transformar os seres humanos em mero meio de produção e não um fim em si mesmo. Algo bem semelhante ao que é apresentado no filme Matrix , em que seres humanos são utilizados por máquinas, como mera fonte de geração de energia. Em nosso caso, para a geração de dinheiro . Parêntese: somente para termos uma noção da distor- ção gerada quando decidimos monetarizar nossa existência (pasmem!), em 2010, a diferença entre a quantidade de dinheiro existente no mundo e a quantidade gerada de bens e serviços encontrava-se na casa de 110 trilhões de dólares. Isso mesmo! De acordo com o Banco Mundial, enquanto o PIB mundial ficou, em 2010, em torno de U$ 66 trilhões de dólares, estimativas apontam que a quantidade de “dinheiro” no mundo, basicamente títulos públicos, privados, ações e depósitos bancários, encontrava-se na ordem dos 170 trilhões de dólares. Em suma, o dinheiro virou um bem, produto, algo a ser produzido independente de ele gerar benefícios para a sociedade. Vou até um pouquinho mais longe. Indepen- dente da aberração de gerarmos dinheiro pelo dinheiro, o próprio acréscimo do PIB também já não reflete, há tempos, aumento na qualidade de vida. O que nos sugere buscar urgentemente novos mecanismos mais eficazes para medir o desenvolvimento humano. Falarei sobre como precisamos medir o desenvolvimento de uma nação um pouco mais adiante. Parêntese feito, pergunto-lhes: por que, se dinheiro não tem vontade própria, governos, empresas e a sociedade decidiram monetarizar nossa existência? Por que há tanta concentração de renda no mundo? Por que estamos cada vez mais divididos em extremos? Por que há tantos conflitos no mundo? Por que estamos dizimando nossa casa? Por que há tanta indiferença no mundo? A resposta, caras leitoras, caros leitores, é simples: chegamos a essa situação, fora de qualquer propósito, surreal, de degradação humana, ambiental, em decorrência do maior problema que temos atravessado nas últimas décadas: a falta de líderes. Pela falência no processo de preparação de novos líderes, pelo apagão de líderes que se instalou em todo o planeta. Pela falta de líderes capazes de juntar pessoas em torno de objetivos comuns, pela ausência de líderes capazes de colocar os seres humanos, não o dinheiro, em primeiro lugar. Pela carência de líderes que valorizem o ser humano, não o poder. Pela carestia de líderes que tenham a destreza de propor, negociar novas formas viáveis de existência humana, catalisando os diferentes anseios das pessoas e endereçando-os com suas devidas especificidades. Pela pobreza de líderes que respeitem a diversidade humana e tenham a capacidade de extrair o melhor de cada um. Pela falta de líderes que mantenham a integridade, o discurso e a prática coerentes. Pelo desprovimento de líderes capazes de ouvir, de serem humildes, de reconhecerem seus próprios erros e corrigirem os caminhos, quando necessário. Pela ausência de líderes tolerantes, que troquem prestígio por empatia. Pelo vácuo de líderes que atuem como articuladores da paz. Pela total falta de líderes que, todos os dias, se perguntem: como eu posso melhorar a vida das pessoas? Pela completa ausência de líderes que entendam que suas palavras, tanto quanto armas, podem causar danos. Pelo completo equívoco de falsos líderes que acreditam que liderança é sinônimo de mando, prepotência, arrogância, mas, principalmente, pelo vazio de líderes que perante a humanidade tão dividida, como a atual, consigam trazer, com urgência, as pessoas à mesa para discutirem juntas e permanentemente novos caminhos para os grandes problemas da humanidade, tais como guerras, doenças, intolerância, desigualdade, fome, devastação do nosso planeta etc. Vamos à verdade: fato é que se deixarmos tudo como está, se deixarmos de vez o leite derramar, se seguirmos com esse modelo existencial, monetarizado, sem líderes, precisaremos dedicar um esforço infinitamente maior, do que hoje precisamos, para formar líderes que ajudem a transicionar o atual modelo de sobrevivência para um modelo digno de existência. Líderes! Com eles criaremos um novo mundo. Sem eles, faço um protesto sobre o que vem ocorrendo no meu próprio país e que exemplifica, perfeitamente, o que a ausência deles pode nos causar. Infelizmente, aqui no Brasil, pela inexistência de líderes íntegros, comprometidos com pessoas, com as instituições, de líderes que tenham compaixão, estamos vivendo há décadas crises por cima de crises que só se justificam pelas atitudes, ou falta delas, das nossas tristes “lideranças”. Sejamos francos: excluindo reais crises internacionais, nossas agruras têm como origem os nossos próprios governantes. Nossas crises são, via de regra, “Made in Brazil”. E ainda temos a pachorra de colocar a culpa em crises totalmente imaginárias que ocorrem lá fora. Enquanto países com um mínimo de lideranças estão achando soluções para os seus problemas, nós, brasileiros, lamentavelmente continuamos patinando, correndo em círculos e perdendo várias janelas de oportunidades. O que para nós, um povo em sua grande maioria trabalhador, engenhoso, resiliente, tem sido absolutamente lastimável, inaceitável, portanto não podemos, e não vamos mais, concordar que sejamos governados por líderes de quinta categoria. E, como desgraça pouca é bobagem, com o aparecimento da pandemia, acentuamos ainda mais nossas mazelas em decorrência de “lideranças” egocêntricas, despreparadas, arrogantes, estúpidas que só pensam em se perpetuar no poder. Adendo: economizei nos adjetivos em relação aos nossos “líderes”. O que acredito, de verdade, a respeito deles, em especial de dois, em especial de um, é absolutamente impublicável. O vazio de líderes é mesmo uma tragédia, mas, para balancear um pouco, deixo também uma mensagem de esperança: quando inundarmos nosso país de Células Sociais Caórdicas, deixaremos de jogar pela janela nossa fantástica capacidade de adaptação, nosso singular talento para criar soluções e nossos estupendos recursos naturais para, juntos, construirmos o país maravilhoso que deve- ras merecemos. Eis que surge uma nova pergunta: E agora? Como diante de um mundo tão monetarizado, sem líderes, podemos unir os nossos esforços para criar um mundo melhor? Se formos todos para o capitalismo selvagem, adeus planeta Terra. Se formos todos para um modelo extremamente igualitário, pareceremos pinguins amon- toados no frio. Ah! Que beleza! Nem só de tristezas vive a humanidade! Com a disseminação sem precedentes das informações, temos percebido, embora lentamente, que esse modelo de vida, mais que ultrapassado, degradado, baseado em acordar, trabalhar, monetarizar a nossa existência, comprar e dormir está com os seus dias contados. Felizmente temos percebido que o modelo industrial, muitas vezes escravo, que se impregnou por décadas e décadas em nossas almas e nos transformou, praticamente, em robôs, está agonizando. Partindo então do princípio de que formar líderes é condição sine qua non para criarmos um mundo melhor, que não estamos totalmente acordados, mas não estamos completamente dormindo, conclamo a todos a voltarmos às aulas de Biologia. Convido a todos para, neste momento, relembrarmos um assunto que não apenas explica a base da nossa existência, como também servirá de base para um novo mundo fundamentado em Células Sociais Caórdicas: o modo como o nosso organismo funciona . ----------------------------------------------------------------------------------- Trecho do segundo capítulo do livro: Células Sociais Caórdicas: O caminho para um novo mundo. Publicado por Henrique Medeiros em setembro de 2022.
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